Os Velhos em 1968
Resumo
Certa vez Fernand Braudel disse ao medievalista Le Goff: “Eu, Jacques, quando estou numa reunião, quem a preside sou eu”. Ao voltar dos Estados Unidos em plena tormenta de maio de 1968, encontrou o Collège de France em plena assembléia e naquele dia estava fora de questão deixá-lo presidir qualquer coisa. Ele se sentou na platéia e ficou ao lado de Raymon Aron, provavelmente ambos com muito mau humor. Naqueles dias radicais, Braudel parou diante de um cartaz que representava um Cristo com um pênis gigante. Uma estudante lhe perguntou: “Chocado, professor?”. E ele respondeu: “Não. Isso é apenas o sonho de uma garotinha”. Decerto, ele não viu com bons olhos os “excessos” de 1968. O que aquele maio revolucionário trouxe de mais audaz foi um passo a mais na igualdade de gênero. Braudel gostava de ver as estruturas serem sacudidas, mas duvidava que elas mudassem rapidamente. Mais tarde, numa entrevista à televisão, ele disse que não era contra o fato de que as jovens corajosamente quisessem a liberdade, mas sim que apesar disso continuassem infelizes. É que para ser feliz (em termos culturais) é preciso portar máscaras.
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